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As Origens dos Oliveiras

No Brasil, Henry Gibson contraiu matrimônio com Alexandrina Rosa de Oliveira e foram estas famílias – Gibson e Oliveira, o tronco principal de nossa árvore genealógica.

 

Alexandrina foi a primogênita do comerciante português José Antônio de Oliveira, nascido em Chaves e ali batizado na Igreja de Santa Maria Mayor em 1794 e da pernambucana Maria da Conceição D'Araújo Oliveira (vide 2 fotos dela ao final do texto). Maria da Conceição nasceu em Recife - Pernambuco, tendo sido batizada na Igreja de Madre de Deus em 08.fev.1796 (livro 15-187).

 

Maria da Conceição foi filha de Alexandre José D'Araújo, sargento-mor (comandante) das forças portuguesas na Villa do Recife e de Dona Antônia Gertrudes Magno Campos, ambos portugueses.

 

José Antônio de Oliveira foi filho de Manoel Gomes de Oliveira e de Dona Maria José de Oliveira, portugueses de Chaves.

 

Diz a tradição oral da família que os nossos Oliveiras seriam judeus convertidos ao cristianismo pela Santa Inquisição. Se esta informação for correta, a conversão ao catolicismo foi real, pois além de não termos herdado nenhum hábito hebraico, todos os filhos de Alexandrina, mesmo tendo sido batizados na Igreja Anglicana abraçaram, por sua influência, a religião católica.

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Tive contato com a genealogista portuguesa Maria João Craigie e perguntei como faria para comprovar documentalmente se nossos Oliveiras portugueses eram judeus. Me respondeu, ser praticamente impossível.

 

Claro que nem todos os Oliveiras são de ascendência hebraica mas acredito que a tradição oral da família está correta

 

Não podemos esquecer que nem todos os Oliveiras são cristãos novos, pois existem Oliveiras de origem portuguesa que não são de ascendência hebraica.

 

Em respeito às convicções religiosas de ambos, Henry & Alexandrina tiveram duas cerimonias de casamento: na Igreja Anglicana e na Igreja Católica.

 

O ato da Igreja Católica esta registrado nas fls. 103V, 104 e 104V, do livro 08 - 1836 a 1856 - de casamentos da Matriz do Corpo Santo da Freguesia de São Pedro Gonçalves, na Catedral da Madre de Deus, em Recife - Pe. Neste termo está registrado que "...o acto ocorreu as 06:30 horas da tarde, na casa da may* da nubente e foi feito sem as cerimônias eclesiásticas por ser o nubente de religião protestante". Na presença das testemunhas, foi feito um termo no qual Henry prometeu a: "...não embaraçar, nem de modo algum impedir, que a sua esposa, a Dona Alexandrina Roza de Oliveira siga e exercite plena e livremente a Religião Catholica Apostólica Romana que professa, obrigando-se a consentir que na mesma religião seja educada a futura prole de hum e outro sexo, que deste consórcio possa haver, sem poder nunca protestar cousa alguma contra o declarado e prometido;"

 

* José Antônio de Oliveira já era falecido na época do casamento.

 

É claro que esta forte convicção católica de Alexandrina foi herdada de sua mãe, D. Maria da Conceição D'Araújo, que não foi nascida Oliveira e portanto não teria recebido nenhuma influência hebraica, se é que nossos Oliveiras foram cristãos-novos.

 

Apesar de Henry Gibson ter sido sepultado no Cemitério dos Ingleses, pois ele nunca abandonou a religião Anglicana, Alexandrina, seus filhos e descendentes foram sepultados no jazigo da família Gibson, no Cemitério de Santo Amaro, católico. Este túmulo recebe até hoje os Gibson falecidos em Recife, apesar de que a esposa de Alfred Gibson (Francisca Adelaide) foi sepultada em outro jazigo. Cheguei a visitar este, quando criança, com meu pai.

 

O único indício que conhecemos e que reforça a versão da origem judaica, é que José Antônio Gomes de Oliveira (JAGO), que supomos ter sido tio avô paterno de Alexandrina, estava estabelecido comercialmente em Londres no Bairro da Judiaria Velha (OLD JEWRY) . Este quarteirão - ainda existente mas agora reduzido a apenas 145 metros, está localizado no centro de Londres e abriga hoje vários escritórios de companhias financeiras, sendo considerado o centro financeiro da City.

 

É o que restou de um importante gueto judeu em Londres, que data da época da Conquista Normanda (ano de 1050).

 

Não sabemos informar se no século 19, quando JAGO tinha ali seu endereço, o bairro abrigava apenas judeus ou se já era um centro financeiro cosmopolita. De qualquer forma, em seu testamento (disponível no nosso site), o próprio JAGO se declarou católico.

 

JAGO foi sócio de seu sobrinho, Francisco Gomes de Oliveira (FGO), tio paterno de Alexandrina e que residia em Pernambuco. A Empresa (Oliveira & Nephew) provavelmente se dedicava a exportação de algodão e couro enviado por FGO de Pernambuco para Londres, onde JAGO comercializava estes artigos e os pagava com produtos das industrias inglesas. Daí ter feito a sociedade com o sobrinho FGO, representante e comprador da Empresa no Brasil. Após a falência da Oliveira & Nephew - em 1831, segundo informações de Galdino DupratFGO parece ter desempenhado as funções de leiloeiro oficial na praça do Recife e em jornais do final do século XIX, encontramos frequentemente anúncios de leilões promovidos por OLIVEIRA LEILOEIRO, que supomos tratar-se do próprio ou de um de seus filhos que o possa ter sucedido.

 

Acreditamos, baseados em fortes indícios e principalmente nas notas de Galdino Duprat, que FGO era irmão de JAO e foi casado com Dona Joaquina Eustáquia de Araújo, irmã de Maria da Conceição Araújo Oliveira, ou seja, dois irmãos casados com duas irmãs. Não conhecemos sua descendência.

 

FGO está relacionado no registro da Igreja de Madre de Deus em Recife, como um dos padrinhos de casamento de Henry & Alexandrina, juntamente com Edward Fox e José Rodrigues Pereira que se casariam posteriormente com duas irmãs de Alexandrina, a Maria Adelaide (foto no final do texto) e a Umbelina - respectivamente.

 


O pai de Alexandrina - JAO, comerciante em Recife, faleceu aos 43 anos, em 06.set.1837 (São Pedro Gonçalves - Madre de Deus, Livro X, fl 126 V) quando Alexandrina estava com 15 anos e a filha caçula dele - Erminia (que se casaria com Henry Gibson Graves), contava com apenas 2 anos de idade. Provavelmente Henry não conheceu JAO, ou pelo menos, não como sogro. 


Quando ocorreu a morte de Henry, Alexandrina - que de acordo com os costumes e a educação da época provavelmente era despreparada e incapaz de gerir o patrimônio do casal - complexo, indicou seu cunhado Miguel José de Almeida Pernambuco, que era casado com Amália, como testamenteiro executor do espólio de Henry Gibson, seu finado esposo.


Cinco anos após a morte de Henry, falece Alexandrina e Francisco Gomes de Oliveira foi nomeado tutor dos filhos menores de Henry & Alexandrina. Isso reforça a ideia apontada por Galdino Duprat de que FGO era tio de Alexandrina.

 

Mario Sette em seu livro ARRUAR (pag 85) nos informa que: "Em 1871 faleceu o Agente de Leilões Francisco Gomes de Oliveira e o seu necrológio acentuava-lhe prioridade na classe". 


O casal José Antonio de Oliveira & Maria Conceição d'Araujo, teve 11 filhos, sendo Alexandrina a primogênita. Outra filha, Umbelina Joaquina de Oliveira, casou-se com José Rodrigues Pereira. FGO e a avó Maria da Conceição foram padrinhos de batismo do filho deste casal de nome José, em 1843. A filha Maria Adelaide, casou-se com o comerciante inglês Edward Henry James Fox que posteriormente retornou para a Inglaterra. A filha caçula, Erminia Josephina de Oliveira, casou-se com o inglês Henry Gibson Greaves, sobrinho de nosso Henry. 


Temos contato com Gracy Andrade e Sara Maybury, descendentes respectivamente de Umbelina e Adelaide. No link O GRANDE ENCONTRO, vocês poderão conhecê-las. Não conhecemos descendência de Erminia.


Um dos filhos de JAO, de nome Antônio Jose de Oliveira, nascido em 1828, segundo Duprat, "fugiu para a América e não mais deu notícias". Luciana Fellows informou que descendentes deste filho foram posteriormente localizados e contactados na América.


Um dos filhos varões de JAO & Maria da Conceição, Eduardo Cândido de Oliveira, que foi nascido em 1832, casou-se com Amélia Augusto Pinto de Oliveira, filha de Francisco Antônio de Oliveira - o Barão de Beberibe, detentor de expressiva fortuna e de importante posição social na época. Foi grande proprietário de terras, deputado, dono do Banco Comercial de Pernambuco e um dos fundadores da Junta Comercial do Estado de Pernambuco. O casal Eduardo & Amélia recebeu do Barão de Beberibe, como presente de casamento, uma linda residência, próxima à Mansão Henry Gibson. Nesta casa, funciona hoje o Museu do Estado de Pernambuco e a rua lateral, que surgiu por doação de parte do terreno da Mansão, recebeu o nome de Rua Amélia, em reconhecimento do Poder PúblicoUm dos filhos do casal, Henrique Candido de Oliveira, casou-se com a sua prima Elvira Magalhães, neta de Henry & Alexandrina. Deste casal descende nossa prima Luciana Fellows, que nos dá esta informação:

 

“Vovô Henrique vivia de aplicações bancárias , era um "bon vivant"  (curtia orquídeas e avencas, tinha uma enorme coleção) e quando gastava muito, vendia uma propriedade.

O pai dele Eduardo Candido de Oliveira, foi tesoureiro do Banco do Brasil entre 1864/65.

Augusto Frederico herdou a casa que é hoje o Museu do Estado, mas todos os filhos herdaram bens e imóveis”. 


Segundo anotações de Duprat, JAO & Maria da Conceição tiveram ainda os seguintes filhos: Joaquim (Antônio?) de Oliveira, nascido em 03.jun.1823 e registrado na São Frei Pedro Gonçalves - Catedral da Madre de Deus, na Folha 171 do Livro 19; José (Antônio?) de Oliveira, nascido em 1825 e registrado na mesma Igreja na Folha 58 do Livro 20; Joaquina (Eustáquia?) de Oliveira, também registrada na mesma Igreja em 1827, na Folha 169 do Livro 20; Francisco Gomes de Oliveira Sobrinho, que nasceu em 1830 (São Frei Pedro Gonçalves - Livro 21 - folha 62) e foi funcionário da Alfândega; e, Amália (Rosa?) de Oliveira, nascida em 1835 (São Frei Pedro Gonçalves - Livro 21, folha 28v (?). 

 
Amália foi casada com Miguel José de Almeida Pernambuco e foi um dos filhos deste casal - o nosso primo José Antonio de Almeida Pernambuco, que convenceu a Câmara de Olinda a tomar o foro (que seria perpétuo) dos nossos terrenos de Beberibe (inclusive o Forno da Cal) a favor dele.

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Árvore genealógica dos Oliveiras por Galdino Duprat - imagem cedida por Luciana Fellows

 

 

 

Abaixo fotos dos Oliveira, cedidas pela prima Sara Maybury:

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 Maria Conceição Araújo, mãe de Alexandrina

 

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Acreditamos ser Francisco Gomes de Oliveira, tio de Alexandrina.

No verso, está a identificação “OLIVEIRA”.

 

 

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Maria Adelaide Oliveira, irmã de Alexandrina,

que casou com Edward Fox

 

 

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  Hellaby Tatty & Evelyn  (Mary Fox)  1905

 

 

Artigo sugerido: O Grande Encontro.

 



Os Oliveiras, cristãos novos: 

 

A Família Oliveira de origem hebraica, tem uma origem histórica interessante que nos é explicada por Jônatas Ricardo de Oliveira, através de um artigo na Internet e que aqui transcrevo:

 

“Olá, primo distante!
Meu nome é Jônatas Ricardo de Oliveira, de Araçatuba, Estado de São Paulo, Brasil.
Sou descendente da família Oliveira por parte de meu pai e por parte de minha mãe. Informações sobre a nossa família podem ser encontradas em um livro muito interessante: "Dicionário Sefaradi de Sobrenomes" (escrito em Português) no www.sefer.com.br. Mais informação sobre a família Oliveira é encontrada em www.genebase.com. Segundo a tradição da família, os Oliveiras são uma família levita que primeiro se estabeleceu em Girona, Catalunha, antes da destruição de Jerusalém CE 70. Eles foram originalmente de Ramatayim Tzofim (hoje Rantis, West Bank), cerca de 20 quilômetros ao norte de Jerusalém. Diz-se que pertencem ao clã de Samuel, o profeta, isto é, a família Izharite, levitas. No início, a identificação da família foi Levy. Depois mudou-se em Benveniste. De Girona eles se mudaram para Cavia Oliva, Espanha, e depois para o norte de Portugal. De acordo com dados genealógicos, eles mudaram o sobrenome para OLIVEIRA, porque é um acrônimo, isto é, oLiVeYra (Oliveira) para Levy. Oliveira significa "oliveira" em Português, e Izar (Yitzhar), patriarca da família, filho de Qehat, filho de Levy, filho de Isaac, filho de Abraão, Izar em hebraico significa "azeite puro". O sobrenome Oliveira foi realmente apropriado para lembrá-los de suas raízes. Isto é explicado na seção "artigos" em www.genebase.com. e na literatura demonstrando os dados são mostrados lá. Aqui no Brasil nós não somos judeus, somos cristãos. Existem várias histórias relacionadas com a Inquisição e Oliveiras sendo forçados a se converter ao cristianismo. Embora a maioria dos Oliveiras brasileiros são cristãos, muitos vêm preservando hábitos judeus que provavelmente, aprenderam com os avós. Pelo menos no Brasil, temos a certeza sobre as nossas raízes judaicas.
Espero que você goste investigando suas origens! 
Atenciosamente,
Jônatas Ricardo de Oliveira”


Claro, que uma família tão antiga, cuja origem remonta aos tempos bíblicos, tem que estar espalhada por todo o mundo. Vejamos o que diz Cristina d’Souza – da India, sobre os Oliveiras:

Posted by: Christine D'Souza (ID *****8277) Date: August 12, 2011 at 04:38:09
In Reply to: 
Re: Origin of Oliveira and DeOliveira name by Jônatas Ricardo de Oliveira

Thank you for the information you've provided. I'm not Brazilian, but India, with Portuguese ancestry. My grandfather's last name was Oliveira D'Sa, and he past that name down to his daughter (my grand mother). I'm wondering what the naming traditions were for the portuguese, did Oliveira come from his mother's side?
There were a lot of Oliveira living in the area he was in (which is today's Multan, Pakistan). I know that was a big jewish community in India, most left when Israel was established, but most converted to Catholicism when the Inquisition came to Goa and other parts of India.

 

O sobrenome Oliveira é o terceiro sobrenome mais comum no Brasil de hoje.

 

 

Caso você queira contribuir com nosso trabalho, com outras informações, fotos ou documentos que possam enriquecer esta postagem, pedimos que entre em contato com familliagibson@gmail.com  Todos agradecemos.

 

O Grande Encontro dos Oliveiras

 

Origem do Clã Gibson-Oliveira-Magalhães