Nasceu Francis na residência de Ponte d’Uchoa em 29 de julho de 1853, tendo se casado com a olindense Alexandrina Constância de Albuquerque Xavier (Sinhá) no dia 15 de fevereiro de 1873 (livro 08, folha 14, Matriz de Santo Antonio). A partir do casamento passou a residir em Olinda, onde criou seus filhos.
Semelhante a Alfred e a Henry Oliver, foi também a partir deste filho de Henry que surgiu outro dos três principais troncos da Família Gibson: os “Gibsons de Olinda”.
Seus descendentes foram: Romeu (Julieta Faria), Alice (José Antonio Azevedo), Evangelina (Oscar Bartolomeu Alves Barboza), Julieta (Eugenio Mendes Jacques), Guiomar (Doralecio Walcacer), Beatriz (Amaro Cunha), Arlindo (Maria do Carmo Cooper), Aluisio (Nancy Torres) e Maria que segundo o "Fundo Orlando Cavalcanti", do Instituto Arqueológico, Geográfico e Histórico de Pernambuco, nasceu em 01.ago.1879 e faleceu no mesmo dia (Sto. Antonio, Livro 21, fl 77-verso).
Herdou do pai o Forno da Cal e junto com o irmão Henry Oliver exploravam o calcário existente nesta jazida, assim como também as terras ao seu redor. O calcário era queimado em fornos e assim transformados em cal, para ser utilizado na construção civil do modo que usamos o cimento hoje em dia. Posteriormente o "foro de caráter perpétuo" desta propriedade (Engenho Nossa Senhora da Ajuda) foi revogado pela Prefeitura de Olinda, tendo Francis recebido indenização por parte do novo foreiro, o Dr. Pernambuco - seu primo, que tinha provocado e trabalhado para que o fôro dos terrenos de Olinda em favor dos herdeiros de Henry Gibson, fosse revogado. Leiam em nosso site "Engenho Nossa Senhora da Ajuda".
Mas Henry tinha sido proprietário de muitos outros terrenos em Olinda e em Beberibe, que foi repassado para seus herdeiros.
Diz a tradição oral da família que Francis foi proprietário de varias casas de aluguel, cuja renda o mantinham.
Sobre ele relato o fato que me foi contado por vovó Beatriz, sua filha: morando em Olinda, Francis atravessava a cavalo sozinho a região dos pântanos (o delta do Rio Beberibe, do qual era foreiro), quando foi surpreendido pelo famoso grito: “a bolsa ou a vida”!
Refeito do susto, Francis deu início a um diálogo com o assaltante, e no desenrolar da conversa, o aparente bandido confessou não ser mais que um simples chefe de família, que desesperado por estar sem trabalho, com mulher e filhos passando fome, decidiu apelar para aquele ato extremo.
Resolveu Francis ir juntamente com o pretenso assaltante no local onde dizia morar, a fim de verificar a veracidade da informação. Uma vez lá, constatou que tudo que o homem havia lhe dito era verdade e penalizado, ofereceu-lhe trabalho em suas terras. O suposto bandido aceitou comovido e agradecido, conservando-se seu fiel servidor durante o resto da vida. Este caso encontra-se relatado por Gilberto Freire no capítulo denominado “O bom ladrão” em um de seus livros.
Outro relato, prende-se a uma brincadeira de mau gosto com arma de fogo, que veio perturba-lo pelo resto de seus dias. Era sempre com remorso e profunda tristeza que relembrava o fato de ter disparado um revolver, o qual julgava descarregado, contra uma de suas mais dedicadas empregadas, matando-a.
O Jornal do Recife de 09 de julho de 1869, traz a seguinte matéria na coluna REPARTIÇÃO DE POLICIA:
"Por officio desta data, participou-me o Dr. Delegado desta capital, que constando-lhe no dia 05 do corrente, que na casa de Henry Gibson no lugar Água Fria deste termo, fora morta com um tiro uma preta de nome Isabel, ex-escrava do mesmo Henry Gibson, para alli se dirigira immediatamente; das averiguações e maes delingencias, que a respeito se procedera se verificou, que tendo o menor Franck Gibson, irmão de Henry, ao sahir de um dos quartos da casa com uma arma de fogo carregada, afim de descarregal-a, o cão da mesma arma se embaçara na corrente do relógio do mesmo Franck, e procurando este desembaraçar a arma, eis que esta se despara casualmente, empregando-se o tiro na região cervical esquerda da referida preta que falleceu instantaneamente. A mesma autoridade procede nos ulteriores termos da lei, como o caso requer".
Alexandrina Xavier Gibson
Temos em nosso site um link sobre família Xavier, de Alexandrina.
Alexandrina com netos (filhos de Arlindo)
Uma das histórias que mais gosto do Francis, e que o retrata muito bem, é que chegando em casa certa feita, vindo da coleta dos alugueis com que mantinha a família, chega o Francis sem um tostão no bolso. À guisa de reclamação, Sinhá que bem conhecia o marido, o interpelou querendo saber o que tinha acontecido. Irritado, Francis justificou que tendo chegado à casa de Fulano, encontrou este seu inquilino doente e a família passando necessidade. Sentiu-se então obrigado a entregar à família deste inquilino todo o dinheiro que trazia no bolso, arrecadado com a coleta dos alugueis.
Recebemos do primo Cláudio Coutinho a foto de um senhor que a mãe dele - Julietinha, afirmava ser o avô dela - Francis. Esta foto não foi reconhecida nem por Dorinha, nem por Zenaide (netas de Francis). A prima Zenaide - irmã de Julietinha, foi categórica: "Pode descartar. Não é o Francis". Mas não descartei e tenho minhas dúvidas se é ou não o Francis. Vejam meus motivos:
1. As razões de Claudio: "Gustavo, também eu não tenho certeza sobre esta foto. Do lado do meu pai não é, pois a família dele começou com meu avô Zeca Miranda que chegou aos 7 anos de Portugal. Não temos nenhuma referencia familiar de Portugal. Minha esposa - a Vavá, que conversava muito com minha mãe, me confirmou as varias vezes que minha mãe pegava a foto e falava que seu avô era muito parecido comigo quando eu usava uma barba igual a esta da foto. Para mim, fica a pergunta: porque mamãe ficou com a foto e sempre falava dela com lembranças? Já que está nas suas mãos, você já pode reconhecer que é muito antiga e está muito desbotada pelo tempo. Abraço, Claudio"
2. Temos notícia de uma entrevista dada por Barbosa Lima Sobrinho - político e jornalista, que chegou a ser Governador de Pernambuco. BLS foi amigo de infância de Arlindo Gibson, e frequentava a casa de Francis em Olinda. Nesta entrevista ele faz críticas aos baixos salários pagos pelas multinacionais inglesas aos pernambucanos. Leia:
site: http://www.fgv.br/cpdoc/historal/arq/Entrevista57.pdf
pagina 253
"C.C. – E para que o excedente vá todo para fora e ainda sobre um troquinho para a classe política interna, o resultado é que a população vai ficando cada vez mais miserável.
B.L.S. – Mais miserável. Até os grandes ordenados são para eles, como a Inglaterra já fazia. A Inglaterra, quando tinha as suas companhias aqui no Brasil, pagava ordenados régios aos ingleses que vinham para cá e miseráveis aos brasileiros que trabalhavam para elas. Conheci os parentes desse Gibson ex-ministro do Exterior, que eram empregados da Western lá em Pernambuco. O ordenado que recebiam era tão miserável que eles se vestiam com roupas brancas feitas com saco de algodãozinho. Dona Alexandrina, senhora do Franklin Gibson, era especialista em fazer roupas muito bem feitas, aproveitando esses sacos de farinha de trigo. Fazia roupas para ele, que era filho de inglês, mas que já não estava dentro da categoria dos favorecidos, porque o que ele ganhava ficava aqui. E só interessava a eles aquelas pessoas que ganhavam para voltar à Inglaterra, ou para mandar o dinheiro para lá."
Agora, faço uma observação: as roupas vestidas pelo cidadão da foto encaixam-se ou não na descrição de BLS sobre Francis?
Mesmo antes de tomar conhecimento dessa entrevista, informei no Site (link do Alfred) que a situação financeira dos descendentes dele - Alfred, era muito melhor que a dos descendentes de Francis. Os filhos de Alfred não foram milionários, mas foram ricos. Mas, nunca pensei que a situação financeira do Francis, pelo menos no final de sua vida, fosse tão precária!
Mas em contra partida, também tenho estas fotos de Alexandrina (acima) já idosa mas muito bem vestida. E sei que Francis deixou imóveis em seu inventario. Uma das casas que vovó Beatriz morava e nos deixou, em Olinda, foi herança dele. E Mário Gibson me confessou certa ocasião que tinha vontade de comprar a casa onde morou o avô Francis. Segundo ele, era uma casa muito bonita. Não conheço a casa, sei apenas que ficava em Olinda velha. Então, miserável ele não era. Bom, pelo menos não no sentido de extrema pobreza.
Tenho também esta notícia com a relação dos funcionários da Western (enviada por Luciana Fellows) que dá a rua do Imperador como endereço de Francis. Ora, tratava-se de um endereço "elegante" para a época. Vejam na ilustração abaixo, o nome de Francis como o terceiro de baixo para cima:
A imagem acima (dos funcionarios da Great Western) foi-nos fornecida pela prima Luciana Fellows, a quem agradecemos.
O general Antonio Ignacio de Albuquerque Xavier,
que foi cunhado de Francis.
Foto do álbum de Clovis Ramos, seu trineto
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Temos em nosso site um link sobre família Xavier, de Alexandrina.