Um dos desafios do nosso blog é entender como alguns Gibson em Pernambuco se encaixariam em nossa arvore genealógica.
Temos noticias apenas de três cidadãos com o sobrenome Gibson que comprovadamente residiram em Pernambuco no século XIX. Foram eles:
1. Henry Gibson, o nosso patriarca.
2. Henry Gibson Greaves, sobrinho de nosso Henry que foi trago pelo tio para Pernambuco e aqui se casou com uma irmã de Alexandrina Rosa. Virou então cunhado do tio. Desconhecemos qualquer descendente dele e se os teve, não perpetuaram o sobrenome paterno - Greaves.
3. John Gibson Keiller, comerciante suiço radicado em Pernambuco e que faleceu em Recife no 24 de fevereiro de 1897. Temos cópia de seu inventário onde está assinalado "não deixou herdeiros".
Descartados Greaves e Keiller, resta apenas o nome de nosso avô Henry Gibson e tenho a convicção de que todos os Gibson de Pernambuco são descendentes dele ou de algum de seus filhos, portanto, acredito no que nossos avós afirmavam: de que somos uma única família em Pernambuco.
Porém, para completarmos o quebra cabeça, duas grandes dúvidas têm que ser esclarecidas:
1. Henry Gibson teve algum relacionamento anterior ao casamento com Alexandrina Rosa, com geração de filhos?
2. Henry Oliver Gibson, primogênito de Henry & Alexandrina, teve algum outro relacionamento além de Tereza Pinho Borges e de Francisca de Souza, no qual tenha ocorrido geração de filhos?
Vamos então discorrer sobre as duas teses.
Tese 1 - DESCENDENTES DE GEORGE: Sabemos que Henry Gibson chegou ao Brasil com 20 anos de idade em 1834 e que casou com Alexandrina Rosa em 30 de dezembro de 1842. O que fez Henry Gibson nestes 08 anos?
Muito difícil acreditar que ele tenha sido celibatário durante tanto tempo em uma sociedade rural tão permissiva na ocorrência de concubinas. Nunca ouvi falar que Henry tenha tido outros filhos além dos que teve com Alexandrina Rosa mas Luis Lemos Milet em seu ensaio sobre a familia Gibson, nos informa que Henry teve três filhos, nascidos e falecidos na cidade do Cabo de Santo Agostinho. Esta cidade é distante cerca de 40km de Recife e era importante centro produtor de açúcar da época. Estes três filhos não foram registrados na Igreja Anglicana. Foram eles: José, George e Amélia.
Luis Lemos Milet nunca levantou a hipótese de que José, George e Amélia não fossem filhos de Alexandrina. Mas porque estes três filhos nasceram, viveram e faleceram no Cabo? Porque não foram - ou não puderam ser, registrados na Igreja Anglicana, como os outros 09 filhos, sabidamente nascidos em Recife?
Sobre José, Luis Lemos Milet nos informa que este faleceu no Cabo em 1850, com 08 anos de idade. Bom, se essa informação proceder, José nasceu em 1842 antes do casamento de Henry & Alexandrina que ocorreu em dezembro do mesmo ano. Então quem foi a mãe de José? Onde tio Luís encontrou esta informação? Bom, como José faleceu infante, não teve condições de deixar filhos.
Sobre George, Luis Milet nos diz que o mesmo faleceu em 02 de abril de 1876, aos 26 anos de idade. Nasceu portanto em 1850. Encontrei no jornal A Província, edição 0040, o registro de George chegando da Europa no vapor Boyle, no dia 26 de setembro de 1874. Então ele realmente existiu e chegou a fase adulta, diferentemente de José. Foi casado? Deixou filhos? Ressalto que naquela época e a exemplo dos outros filhos de Henry, os rapazes casavam-se entre os 18 e 20 anos de idade.
Sobre Amélia, Luis Milet não soube nos informar mais nada, a não ser que nasceu no Cabo e que não foi registrada na Igreja Anglicana.
Nos registros da Igreja Anglicana existe um hiato de cinco anos entre Mary, nascida em maio de 1947 e Charles, nascido em dezembro de 1852. Neste intervalo, Alexandrina realmente pode ter tido estes três filhos já que vemos que os intervalos entre as outras gestações foram de 18 meses em média.
Talvez José tenha falecido com 02 anos e não com 08, como informado. Mas não consigo acreditar que Henry, com importantes propriedades rurais em Recife e Olinda, com comércio varejista e dependente da burocracia aduaneira e das movimentações dos navios no Porto do Recife - ou seja, tão cheio de interesses e ocupações em Recife, tenha se retirado para a cidade do Cabo no período de 1847 a 1852. Naquela época 40 km era uma distância considerável para ser vencida a cavalo. E as estradas sinuosas aumentavam ainda mais este percurso. Não sei dizer se na época já tinhamos trens ligando Recife ao Cabo, mas tenho quase certeza que não.
Outro fato a ser levado em consideração: ele construiu a mansão em 1847 e nos parece pouco crível que finda ou iniciada a obra, ele e sua família tenham inexplicavelmente se retirado temporariamente de Recife. Mas não podemos esquecer que em 1848 eclodiu a Revolução Praieira, em parte inspirada no nativismo e nessa época foi frequente o assassinato de estrangeiros por linchamento, principalmente de lusitanos. Ingleses também foram perseguidos. Teria retirado a família de Recife por segurança?
Por outro lado, se os três filhos não foram de Alexandrina, como explicar este hiato de 05 anos sem que Alexandrina engravidasse?
Mas porque George nasceu e faleceu na cidade do Cabo? Se ele nasceu e faleceu no Cabo, isto nos sugere que ele viveu lá os seus 26 anos de existência. E porque não foi registrado na Igreja Anglicana? Porque nada mais sabemos sobre ele? Porque, após a morte de Henry ele não surge como herdeiro de Henry?
Se as informações de Luis Milet sobre George estiverem corretas ele teria falecido em 1876, portanto teria sobrevivido ao pai - Henry, que faleceu em 1862. Porque não temos notícias dele como temos dos demais filhos de Henry, herdando propriedades em Olinda e em Recife? E porque nenhuma propriedade no Cabo é citada como sendo de Henry? Lembro que naquela época os filhos naturais não tinham direito à herança.
De qualquer forma, neste nosso foco, mais importante do que sabermos quem foi a mãe de George é sabermos se ele deixou descendentes ou não. E isto não sabemos. Mas, é provável que sim.
2. Tese 2 - HENRY OLIVER: Quantos filhos realmente Henry Oliver teve? Será que ele teve outros relacionamentos (com frutos) além dos que conhecemos, com Tereza Pinho Borges e Francisca de Souza? Sabemos que ele foi um grande patriarca da família mas qual a dimensão exata disto?
Sempre que tomavamos conhecimento de pessoas com o sobrenome Gibson, que não conheciamos até então, a explicação dada pelos Gibson antigos, por nossos avós, era de que eram filhos de Henry Oliver. Ou seja, todo crédito ia para o mesmo. Nunca se falou sobre outra opção. E também sempre afirmavam que a família Gibson era uma só em Pernambuco.
Estive com nosso primo Mauro Simões - descendente de Henry Oliver e de Francisca de Souza, em setembro de 2013 e ele me disse que Henry Oliver - seu avô, teve mais de cem filhos. Disse brincando, rindo. Fiquei sem saber se foi dito como verdade ou como força de expressão.
Mas não consigo ligar Henry Oliver nem nenhum outro filho do Henry, à cidade do Cabo que fica no sul de Pernambuco. Henry Oliver herdou e morou no Engenho Beberibe que hoje é um populoso bairro de Recife e posteriormente temos notícias dele em Limoeiro, noroeste de Pernambuco, mas nada no Cabo.
CONCLUINDO: Temos então que pensar - ao menos provisoriamente, que George não era filho de Alexandrina, que deixou descendentes e que estes - a exemplo do próprio George, não se relacionaram com os demais membros da família. É a minha convicção no momento.
ADENDO: fazendo novas pesquisas sobre os Gibson nos deparamos com mais dois outros Gibson provavelmente nascidos na Inglaterra. São eles:
1. JOHN TAYLOR GIBSON. Na edição do dia 05 de setembro de 1924 do Jornal do Recife, na coluna com o título EXPOSIÇÃO GERAL DE PERNAMBUCO, encontramos a seguinte informação: "...o engenheiro John Taylor Gibson que ficará encarregado de dirigir os serviços profissionais para aparelhamento das salas e dependências da exposição". Nada mais sabemos sobre John Taylor.
2. JOÃO GIBSON. Na edição do dia 16 de agosto de 1870 do Jornal do Recife, na coluna Repartição de Polícia, a notícia de que à ordem do sub delegado do Recife, atendendo à requisição do respectivo cônsul, os súditos ingleses Guilherme Griffon e João Gibson, foram recolhidos à Casa de Detenção. Apesar do nome estar aportuguesado, o que era comum fazer-se, com certeza João Gibson era inglês de nascimento, tanto que para prendê-lo fez-se necessário a autorização do cônsul inglês. Naquela época, em todas as partes do mundo, os ingleses mesmo residindo em outros países eram sujeitos às leis inglesas e nenhum gentio podia julga-los por nenhum motivo, apenas os cônsules que representavam a coroa britânica.